Pontuando suas diferenças e semelhanças

Pessoas com deficiências
múltiplas e pessoas com surdocegueira fazem parte do público-alvo da educação
especial. Assim, é importante saber diferenciar a DMU da surdocegueira, reconhecer
suas necessidades básicas e conhecer estratégias utilizadas para a aquisição da
comunicação.
Deficiência múltipla
- É um termo que caracteriza o conjunto de duas ou mais deficiências associadas, de ordem física, sensorial, mental, emocional ou de comportamento social. (MEC – 2006)
- Associação, no mesmo indivíduo, de duas ou mais deficiências primárias (intelectual / visual / auditiva / física), com comprometimentos que acarretam conseqüências no seu desenvolvimento global e na sua capacidade adaptativa. (BRASIL. Lei 7.853, de 24 de outubro de 1989)
Surdocegueira
- É uma condição única, cujo impacto não se resume ao somatório das dificuldades da surdez e da cegueira, pois as dificuldades oriundas da perda dupla não se adicionam, mas se multiplicam. (LAGATI, 1995, p. 306)
- Deficiência única que requer uma abordagem específica para favorecer a pessoa e um sistema para dar o suporte. (MCINNES, 1999)
Necessidades básicas das pessoas com surdocegueira e com deficiência
múltipla
- Desenvolver o esquema corporal, buscando:
o a sua verticalidade;
o o equilíbrio postural;
o a articulação e a harmonização de seus movimentos;
o a autonomia em deslocamentos e movimentos;
o o aperfeiçoamento das coordenações viso motora, motora global e fina;
o e o desenvolvimento da força muscular
- Aprender a usar as duas mãos, quando não apresentam graves problemas motores, para:
o minorar as eventuais estereotipias motoras;
o desenvolver um sistema estruturado de comunicação com o uso de ambas as mãos.
Bosco e colaboradores (2010)
explicam que a limitação na comunicação e no processamento e elaboração das
informações coletadas do entorno pode resultar em prejuízos no processo de simbolização
das experiências vividas, por provocar carência de sentido para as mesmas.
Assim, é fundamental disponibilizar recursos que promovam a aquisição da
linguagem estruturada no registro simbólico, seja verbal ou em outras
modalidades como a gestual.
A seguir serão elencados alguns recursos para a aprendizagem de alunos
com surdocegueira e deficiências múltiplas:
- Objetos de referência: objetos que têm significados especiais com a função de substituir a palavra, representando pessoas, objetos, lugares, atividades ou conceitos associados a eles;
- Objetos de referência das atividades: um objeto que antecipa a atividade a ser realizada, por exemplo, uma caneca para a hora do lanche;
- Caixas de antecipação: permite conhecer os primeiros objetos de referência que anteciparão as atividades e o conhecimento das primeiras palavras. São utilizadas com crianças sem sistema formal de comunicação;
- Calendários: favorecem o desenvolvimento da noção de tempo e que ajudam os alunos a estabelecer e compreender rotinas. Também são úteis no desenvolvimento da comunicação, no ensino de conceitos temporais abstratos e na ampliação do vocabulário.
Referências
BOSCO, Ismênia C. M. G.;
MESQUITA, Sandra R. S. H.; MAIA, Shirley R. Coletânea UFC-MEC/2010: A Educação
Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar - Fascículo 05: Surdocegueira e
Deficiência Múltipla (2010).
Brasil. Lei 7.853, de 24 de
outubro de 1989. Dispõe sobre o apoio às pessoas portadoras de deficiência, sua
integração social, sobre a Coordenadoria Nacional para Integração da Pessoa
Portadora de Deficiência - Corde, institui a tutela jurisdicional de interesses
coletivos ou difusos dessas pessoas, disciplina a atuação do Ministério
Público, define crimes, e dá outras providências. D.O.U. de 25.10.1989
LAGATI, S. Deaf-Blind or Deafblind
International Perspectives on Terminology.1995 Tradução: Laura L. M. Anccilotto.
São Paulo: Projeto Ahimsa/Hilton Perkins, 2002.
Educação infantil : saberes e
práticas da inclusão : dificuldades acentuadas de aprendizagem : deficiência
múltipla. [4. ed.] / elaboração profª Ana Maria de Godói – Associação de Assistência
à Criança Deficiente – AACD... [et.
al.]. – Brasília : MEC, Secretaria de Educação Especial, 2006.
MCINNES, J. M. Deaf-blind infants and children:
Adevelopment guide. Toronto, Ontario, Canada: University of Toronto Press,
1999.
TELFORD, C.W. & SAWREY, J.M.
O indivíduo excepcional. Rio de Janeiro: Zahar Editores. 1976. 2ª ed.